Equipes fazem limpeza de córrego que ficou azul em Jundiaí após acidente de carreta; entenda como funciona
14/05/2025
(Foto: Reprodução) Produto químico usado para colorir caixas de ovos tem cor bordô e fica azul ao entrar em contato com a água. A limpeza do córrego, segundo a Cetesb, será relizada a partir da diluição do corante com água limpa. Córrego das Tulipas ficou azul após carreta bater contra poste e derramar corante em Jundiaí (SP)
TV TEM/Reprodução
As equipes da Defesa Civil e da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) estão trabalhando na limpeza do Córrego das Tulipas, que mudou de cor e deixou patos e gansos azuis, prejudicando a fauna e a flora na região do bairro Jadim das Tulipas, em Jundiaí (SP). O problema ocorreu depois que uma carreta que transportava corante bateu contra um poste, na terça-feira (13). Quatro animais "tingidos" de azul foram resgatados e centenas de peixes acabaram morrendo.
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O Ministério Público abriu um inquérito para apurar e acompanhar o caso da contaminação do lago. Além disso, a ocorrência foi registrada no 1° Distrito Policial de Jundiaí (SP) como "causar poluição de qualquer natureza". Uma perícia deve ser feita no local, mas ainda sem data definida.
Conforme apurado pela TV TEM, o córrego afetado pelo acidente ambiental chega até o Rio Jundiaí. Após o acidente, aproximadamente dois mil litros de corante foram derramados no local. O impacto também fez com que o produto ficasse espalhado pela via pública e que pelo menos mil litros se concentrassem no córrego, o que causou a morte de mais de cem peixes de espécies diferentes.
Imagens captadas por drone mostram o Córrego das Tulipas tomado pelo corante azul, no Parque Botânico Tulipas, que abriga diversas espécies e tem aproximadamente 25 mil metros quadrados.
A TV TEM questionou a Farkon Indústria e Comércio Químico sobre o transporte do produto, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem.
Segundo a Cetesb, o produto químico é usado para colorir caixas de isopor como de ovos ou maçã, e originalmente tem a cor bordô, mas ao entrar em contato com a água, fica azul. O processo de limpeza deste material vai levar pelo menos um dia e consiste em diluir o corante com água limpa.
"O impacto aqui é pequeno, no ponto de vista de fauna, de vida aquática, mas existe um impacto visual muito grande, por ser um produto corante, mas não é um corante que acarreta em grandes perigos ao meio ambiente. Com a diluição, a gente vai resolver o problema e eliminar os efeitos do produto. Mesmo que não tenha toxidade elevada, pela concentração, ele acabou atingindo um pouco da vida aquática", explica o gerente da Cetesb de Jundiaí, Domenico Tremaroli.
A Cetesb também emitiu um alerta para Indaiatuba (SP), já que a coloração azul já atingiu o Rio Jundiaí, que abastece o município.
Domenico Tremaroli, gerente da Cetesb de Jundiaí (SP), explicou como corante em córrego será diluido com água limpa
TV TEM/Reprodução
Ainda de acordo com a Cetesb, as equipes realizaram a coleta de amostras da água contaminada e dos peixes que morreram ao entrar em contato com o líquido para avaliar o grau de toxidade e o grau de interferência na qualidade das águas do parque. Os fiscais seguem acompanhando a situação para avaliar a possibilidade de uma nova estratégia de limpeza.
Em nota enviada ao g1, a companhia ambiental esclareceu que os resultados obtidos o início da tarde desta quarta-feira (14) apresentam o PH e o Oxigênio Dissolvido (OD) dentro de parâmetros normais.
Vânia Nunes, vice-presidente do Grupo de Resposta a Animais em Desastres (Grad), também compareceu ao local e informou que não há exatidão na quantidade de água que será necessária para a limpeza, mas é perceptível que, quanto mais o corante se dilui, mais verde ele fica, portanto, mais informações técnicas precisam ser colhidas para determinar a quantidade de água necessária.
Vânia Nunes, vice-presidente do Grupo de Resposta a Animais em Desastres (Grad), falou sobre diluição do corante em Jundiaí (SP)
TV TEM/Reprodução
À TV TEM, a Defesa Civil também informou que desde o início do atendimento da ocorrência, as equipes precisaram interditar ruas e avenidas, além de iniciar a limpeza do asfalto, que ficou com manchas azuis e vermelhas. O trânsito foi liberado na manhã desta quarta-feira (14).
"Segundo o químico que nós estávamos conversando, não tem um risco aos animais 'tingidos', dependendo da concentração de corante. Inclusive, ele informou que esse produto é usado na indústria de peixes e camarões, em pequena quantidade, para evitar fungos. Explicou que nas próprias caixas de ovos esse produto também é usado para evitar esses fungos, então foi o que nos deixou um pouco mais tranquilos, mas o atendimento dessas aves está sendo feito para remoção desse produto", destacou o Coronel João Osório Gimenez.
Coronel João Osório Gimenez da Defesa Civil na região de Jundiaí (SP)
TV TEM/Reprodução
A TV TEM entrou em contato com a empresa responsável pelo transporte do corante e pela carreta envolvida no acidente, mas não teve retorno até a última atualização dessa reportagem.
Mobilização e resgates
A ocorrência mobilizou diversos agentes no município. Entre eles, guardas municipais, fiscais da prefeitura, voluntários e representantes de ONGs.
A Associação Mata Ciliar resgatou três gansos e um pato que ficaram azuis . Além do resgate, a Associação também encontrou diversos peixes mortos. Após o resgate, os animais estão passando por um processo de desintoxicação e banhos, para que todo o produto saia da plumagem.
"Alguns patos e algumas aves, por conta do produto, ficaram coloridos. É um produto que tem dispersão pela luz do sol, mas a pigmentação dura bastante, então há necessidade de muita água para que ele seja dissipado", concluiu o coronel da Defesa Civil.
À TV TEM, a médica veterinária da Mata Ciliar, Yasmin Canja, informou que os animais resgatados passaram por um processo de desintoxicação e, agora, a equipe trabalha para dar banho em todos e retirar o corante. O procedimento utiliza apenas água morna ou quente, detergente neutro e com álcool. Em seguida, o álcool e detergente são retirados das penas. Segundo ela, os animais estão bem, mas serão monitorados.
"Eles estão ativos e se alimentando. A nossa única preocupação é a respeito da substância, porque ainda não sabemos qual a composição dela. A primeira coisa que fizemos foi administrar o carvão ativado, que é uma substância porosa e ajuda a diminuir a toxicidade do produto. O segundo passo é realizar os banhos, já que o corante não sai tão fácil. É preciso retirar porque os patos e gansos limpam as penas com frequência e, neste processo, podem ingerir novamente o produto", explica.
"A gente vai realizar esses banhos até sair a coloração das penas e a gente vai usar o carvão ativado porque eles continuam tendo contato com essa substância, uma vez que eles estão sempre se limpando e sempre reingerindo essa substância que, mais uma vez, a gente não sabe o componente dela", completa Canja.
Conforme apurado pela TV TEM, além das aves já resgatadas aproximadamente 21 patos e dez gansos vivem no parque. Por isso, uma ação conjunta entre equipes ambientais e da prefeitura espalhou armadilhas para tentar capturar os animais que ainda estão no local. A expectativa é que eles sejam recolhidos até quinta-feira (15), onde ficarão em quarentena para ver como eles vão se comportar nos próximos dias.
O Parque Botânico Tulipas foi interditado para visitantes até que o processo de limpeza seja concluído.
Equipes de ONG se mobilizam para limpar patos e gansos que ficaram azuis em Jundiaí
TV TEM/Reprodução
Imagens de drone mostram córrego azul após carreta bater em poste e derramar corante em Jundiaí (SP)
Régis Rosa/TV TEM
Veja local onde derramamento de corante deixou córrego e animais azuis em Jundiaí (SP)
Arte/g1
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